terça-feira, 30 de setembro de 2008

Análise dos dados sobre mercado de negócios de jornalismo.

Comentários sobre o Meio Jornal
O ano de 2007 foi excepcionalmente positivo para a indústria jornalística brasileira. De acordo com o Instituto Verificador de Circulação (IVC), a circulação média diária aumentou 11,8% em relação a 2006, que já havia registrado elevação de 6,5% em relação ao ano anterior. Com isso, a estimativa feita pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), a partir dos números do IVC, foi de que em 2007 a circulação média diária dos jornais brasileiros ultrapassou 8 milhões de exemplares.
Também na captação de investimentos publicitários 2007 foi um ano de ótimas notícias para a indústria jornalística brasileira. Depois de anos seguidos de queda na participação dos jornais no bolo publicitário do país, houve um expressivo aumento em relação a 2006, de 15,22%, de acordo com o Projeto Inter-Meios, principal referência do mercado publicitário do país. Com isso, os jornais passaram a ter 16,38% do bolo publicitário brasileiro.
O reaquecimento da economia brasileira é a mais forte razão para esse ótimo desempenho dos jornais. O Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 5,4% em 2007, quando já havia crescido 3,8% em 2006. O país vive uma onda de otimismo, com grande parte dos analistas econômicos prevendo que será possível iniciar um ciclo virtuoso, com taxas médias de crescimento em torno de 5% nos próximos anos e inflação sob controle. Com esse pano de fundo, a indústria jornalística brasileira adotou uma postura agressiva tanto na área de circulação como na venda de espaços publicitários.
Nos últimos anos, marcas tradicionais do setor vêm lançando jornais populares, como forma de ganhar circulação em segmentos que não estavam sendo atendidos pela indústria jornalística. Com o crescimento da economia, a manutenção da inflação sob controle e a maior distribuição de renda, as camadas mais pobres da população foram beneficiadas pelo aumento do seu poder aquisitivo. Com isso, houve uma forte expansão dos jornais populares, que alavancaram o crescimento geral da venda de jornais no Brasil. Ao mesmo tempo, se fortaleceram os jornais do interior, revigorados pelo noticiário mais focado nas questões locais, uma tendência mundial que os brasileiros estão aprendendo com rapidez.
Em relação ao mercado publicitário, a recuperação da indústria jornalística brasileira também está diretamente relacionada ao reaquecimento da economia. Os investimentos publicitários nos jornais cresceram, sobretudo, em função dos anunciantes de imóveis e de automóveis, cuja venda teve notável expansão ao longo de 2007. O varejo, tradicional anunciante em jornais, também ocupou com maior vigor os espaços publicitários oferecidos pelo setor. É fundamental registrar, ainda, que houve uma evolução dos jornais no oferecimento de novos formatos e preços mais atrativos para os anunciantes, o que contribuiu também para a maior captação de investimentos publicitários.
Apesar do excelente desempenho em 2007, as empresas jornalísticas brasileiras estão conscientes de que o setor atravessa um delicado período de transição, em que ainda são grandes as incertezas diante do futuro. No Brasil, há grande espaço para o aumento da circulação dos jornais impressos, diante dos significativos índices de analfabetismo ou de analfabetismo funcional. Com a melhoria da educação da população, a expectativa é de que novos leitores de jornais entrem no mercado. Mas a realidade criada pela internet, com a migração de leitores para a mídia digital, indica que a indústria jornalística, no Brasil e no mundo, precisa se preparar para novos tempos. Não só em relação à audiência, mas também diante do mercado publicitário. Essa é a grande preocupação dos jornais brasileiros na atualidade, que trabalham intensamente na valorização de suas marcas, nos meios impresso e digital.

(Fonte: ANJ – Associação Nacional de Jornais www.anj.org.br)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Ainda sobre a nova plataforma do O Globo... by "Comunique-se"

23/9/2008 - Comunique-se


Diretora do O Globo fala sobre mudanças na produção de conteúdo Sérgio Matsuura


As mudanças implementadas pelo O Globo atingem não somente a marca e o visual dos veículos, mas a maneira de se produzir notícia. Com a mudança do slogan para “Muito além do papel do jornal”, a intenção é promover uma maior integração entre a internet, o impresso e o celular. É o que informa a diretora-executiva do O Globo Sandra Sanches.


Comunique-se - Dentro do jornal, existe alguma mudança na produção das matérias?

Sandra Sanches - Sim, diariamente editores do papel e do online se reúnem pela manhã para decidirem conjuntamente a produção de conteúdo para o jornal e a internet, de acordo com as características de cada meio. Também decidem como aproveitar o conteúdo gerado pelo site para enriquecer o jornal do dia seguinte. Parte das notícias reproduzidas no site são selecionadas para estar também no globo.mobi, feito especialmente para celular.

Comunique-se - É o primeiro passo para a integração das redações?

Sandra Sanches - Este movimento do O Globo independe de integração física de redações, mas pressupõe, claro, maior sinergia e troca de conteúdo entre as redações do impresso e do site. Essa produção integrada se dá desde as reuniões de pauta, da qual participam editores do jornal e do site, até o fechamento. A troca é permanente e o desafio é fazer com que, cada vez mais, a interatividade da internet e a mobilidade do celular complementem a profundidade e as análises do meio impresso. É a mesma marca no papel, na internet e no celular.

Comunique-se - Existe alguma mudança para o trabalho do repórter na rua?

Sandra Sanches - Sim, uma mudança nos procedimentos. O objetivo é que ao longo da apuração da matéria os repórteres aproveitem cada oportunidade de enriquecer o texto com conteúdo multimídia, voltando para a redação com material de áudio e vídeo sempre que possível.

Comunique-se - Em termos práticos, qual a mudança para o leitor?

Sandra Sanches - O leitor terá mais oportunidade de participar do conteúdo do jornal impresso e mais espaço para a interatividade no site. Entre as seções novas no site e no papel, estão a “Eu Bonequinho”, onde o leitor pode enviar sua crítica de cinema, e “O Leitor é o Crítico”, onde pode enviar suas críticas sobre teatro, shows e restaurantes. O leitor também tem a possibilidade de enviar perguntas aos entrevistados do jornal e sugestões de pautas pelo site. Quando a equipe de jornalistas aproveitar a pauta, será dado crédito ao leitor que a sugeriu ao pé da matéria. No site, outra novidade são as notas de 1 a 5 que o leitor confere às reportagens, o que está gerando um novo ranking, o das matérias mais recomendadas.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Sobre notícia nos tempos de hoje

A imagem é do blogueiro Jeff Jarvis, jornalista americano, colunista do Guardian, pensador de web 2.0. Lembrei dela durante a aula e achei que seria interessante compartilhar com vcs.

Novas Formas de Ver Telejornais - LiveNewsCameras

LiveNewCameras(clique)

Os novos formatos de leituras de notícias... Mundo.es

Por Marcos Palácios(via Mangas Verdes), no blog http://gjol.blogspot.com/

Mundo.es, é um novo agregador de informações provenientes da blogosfera (hispânica), que apresenta as notícias no fomato de um jornal, destacando aquelas que são, na opinião de seus editores, merecedoras de aparecer com destaque e em diferentes seções nas quais se divide o jornal.O site está estruturado conforme as seções jornalísticas clássicas, porém direcionadas para internautas. Nas palavras de seus editores:“Nuestras fuentes son única y exclusivamente blogs. No somos un periódico y no publicamos noticias impersonales. Somos una especie de editorial que repasa una gran parte de aquello que se publica en la blogosfera. El contenido no es propio y, por ello, siempre enlazamos al blog de donde hemos extraido una parte de su post (…)"Mundo.es pretende ser uma sinópse daquilo que podemos ver e encontrar diariamente na blogosfera.Os editores estão abertos para sugestões, envio de feeds, etc.

Para pensar a Ecologia da Informação...

ver os vídeos do grupo coordenado pelo M. Wesch... Links abaixo...
Vídeo 1 - Os estudantes de hoje.
Vídeo 2 - Information Revolution
Vídeo 3 - Web 2.0(The machine is using us).

Nova Campanha do O Globo

A nova Infoglobo ?... ( Crítica de Alberto Dines)


O Globo vai além do papel. E o papel do jornal?
Por Alberto Dines em 23/9/2008 (em "O Observatório da Imprensa")


Apoiada numa portentosa campanha publicitária, as Organizações Globo relançaram no domingo (21/9) a Infoglobo, empresa que editará o jornalão carioca, seu site, o noticiário via celular e, posteriormente, a CBN e a GloboNews, ambas com projetos multimeios em andamento.
Batizado pela agência F/Nazca Saatchi&Saatchi com um sugestivo apelo – "Muito além do papel de um jornal" – o projeto pretende fornecer informações para o jornal, o site e as operadoras de telefonia móvel. Além do investimento publicitário e a promessa de iniciar imediatamente a transmissão de notícias pelo celular, o projeto não tem novidade.
Todos os grandes grupos de mídia desenvolvem seus esquemas de interatividade. Sobretudo os que se assumiram como parte da "indústria jornalística" e abriram mão da sua função institucional dentro da sociedade democrática.
A filosofia do projeto está expressa com excepcional clareza no material publicitário:
"Hoje a informação precisa estar onde você quiser. Aprofundada. Analisada. Comentada. Por nós. Por seu vizinho. Por você. Por isso, um jornal tem que estar no papel. Na tela. Na sua mão. Tem que estar na cidade. No país. No planeta. On line. On time. Full time".
Isto posto, às indagações: o papel de um jornal seria o meio físico, material, onde está impresso ou está sendo usado como sinônimo de função/compromisso social? Ir "além do papel" traduz uma opção de marketing ou tem algum sentido institucional?
Descendo ao nível técnico: como aprofundar e analisar notícias através do telefone celular? Se os portais dos três jornalões na internet não conseguem aprofundar as matérias saídas no veículo impresso, como esperar que consigam fazê-lo com flashes de algumas linhas na telinha do telefone de bolso?
Cortar custos
A promessa de fornecimento full time também soa enganosa: os mesmos portais sequer conseguem oferecer um serviço noticioso razoável no intervalo entre o fechamento do jornal-matriz (cerca das 22 horas) até a hora em que chega aos leitores (8 da manhã).
Para cumprir as promessas do projeto "Muito Além do Papel de um Jornal" é indispensável investir em jornalismo e jornalistas. Indispensável adotar voluntariamente posturas capazes de restabelecer a credibilidade da imprensa.
Para transformar em pílulas as análises políticas ou econômicas que o leitor espera do seu informador será necessário contratar redatores qualificados capazes de fazer a "compressão" do texto sem a supressão de idéias ou dados.
Investimento em qualidade jornalística é a última coisa que os grandes grupos pretendem fazer. Há 20 anos perseguem, irmanados, um único objetivo: cortar custos, ainda que diminuindo a qualidade.
Os projetos de interatividade no Brasil visam apenas à rentabilização do investimento na redação: sai mais barato contratar um jovem profissional disposto a fazer três versões da mesma notícia do que admitir um jornalista experiente capaz de oferecer um material jornalístico de qualidade, ainda que em formato único.
Idéia abandonada
Estamos diante da reedição da mesma bolha que no fim dos anos 1990 foi soprada pela mídia, certa de que seria a maior beneficiária das novas tecnologias da informação. Estourou antes de encher. Agora a mídia aposta todas as fichas na "interatividade", a mesma coisa com outro nome.
Os grandes grupos midiáticos americanos estão desnorteados – como aliás o país inteiro – e ainda não fizeram as contas nem avaliariam o rombo produzido pela bolha hipotecária que não conseguiram abortar há cerca de dois anos. Não estiveram à altura do seu papel como defensores do interesse público e não sabem o que dizer.
Seus parceiros brasileiros são mais felizes: enquanto o governo diverte-se com o pré-sal, podem divertir-se com novidades e modismos. "Muito além do papel de um jornal" é apenas uma frase de efeito, sem qualquer sentido. Nada acrescenta a uma imprensa que não compete, não disputa e que há muito abandonou a idéia de apostar em excelência jornalística.
De qualquer forma este observador agradece, penhorado, a engenhosa paráfrase do título do seu livro, O Papel do Jornal (1974, Summus, 8ª edição).